Resultado da prática artística
Cada vez mais observamos a cidade com seus espaços adormecidos e envelhecidos e cabe-nos a nós, habitantes e artistas tentar resgatar estes espaços nas ruas. moving 1Questão de Espaço pretendeu ir ao encontro desse espaço adormecido.

A intervenção apresentou um espaço específico ao público transeunte numa acção artística, com o intuito de (re)descobrir o sentido dos elementos da cidade e conferir significado social ao espaço. Pretendeu que o participante se sentisse parte desse espaço e nele contribuísse para a prática artística, ao fazer parte da própria intervenção artística, porque sem ele esta não seria possível.

A prática artística promoveu encontros para uma vivência compartilhada, num lugar específico, com o intuito de criar um percurso que direccionou o público a percorrer uma trajectória, ao seguir as coordenadas, descobrindo sons e imagens e implantando-se como experimentação do urbano. Este projecto levou as pessoas a moverem-se pela cidade, tanto em trajectória como ao acaso.

1º dia da intervenção
A prática artística “moving 1Questão de Espaço – diálogo da intervenção artística site-specific com a cidade e o público” começou no dia 27 de Julho, na cidade de Faro. Os locais foram os anteriormente indicados na página 40, três pontos de actuação que se distribuíram na envolvente do centro histórico, entre a muralha e a ria Formosa. A intervenção prolongou-se durante 3 dias até ao dia 29 de Julho.

Após a montagem, no dia 27, nos instantes seguintes, observei que os transeuntes que por ali passavam não ficaram indiferentes. A primeira reacção era questionar o que seriam aquelas formas por ali espalhadas, muitos aproximavam-se, na maioria visitantes turistas que transitavam no percurso ao cais de embarque para apanhar o barco para as ilhas. Paravam para tentar perceber o que se pretendia, alguns com seus próprios objectos de registo, captavam o cenário, juntando-lhe as figuras, outros interagiam com as figuras utilizando a máquina descartável, obedecendo às regras e construindo o diálogo criativo.

A intervenção foi bem aceite, os transeuntes respeitaram as regras descritas nas figuras, embora deva realçar que o único ponto negativo foi o desaparecimento de algumas das máquinas descartáveis ao longo da prática artística. As figuras mantiveram-se intactas até ao último dia da intervenção.

2º e 3ª dia da intervenção

O que questionava o público?

O público foi chamado à atenção através da visibilidade das figuras, embora impostas no espaço, aqueles que passavam ao longe observavam-nas, questionando-se sobre elas. A curiosidade dos transeuntes foi para alguns o motor para a interacção com as mesmas. A mensagem “click!, clique!, click!” foi perceptível e por vezes ao longe, cantarolavam-na.

Verifiquei no diálogo criativo, que na maior parte das vezes os transeuntes colocavam-se no cenário, um manifesto da proximidade com o espaço, não se intimidaram com a exposição da sua própria imagem ao inseri-la na intervenção, tornaram-na parte da obra. Os registos são variados, desde os auto-retratos, aos retratos em grupo ou de família, ao espaço e ao que nele habita.

Alguns transeuntes poderão não ter percebido a mensagem da intervenção, mas nem por isso deixaram de participar ou ficar indiferentes ao acto que lhes suscitou a curiosidade, ao acto de observar mais atentamente aquele espaço.

Dando resposta às questões apresentadas na prática artística muitos transeuntes puderam ver esse mesmo espaço de outra forma e mesmo aqueles que não intervieram, tiveram a oportunidade de ter outra percepção do espaço, ao (re)ver a cidade a partir dos registos online.

Esta iniciativa poderia ser o inicio de um estudo acerca da mobilidade dos transeuntes nas ruas da cidade e de um novo olhar sobre a mesma, numa perspectiva estratégica de marketing. Diariamente somos abordados com inúmeras mensagens publicitárias e tornamo-nos indiferentes. A possibilidade de novas intervenções criativas como forma de arte ou mesmo de publicidade ou associação de ambas, são um meio para revitalizar estes espaços adormecidos.

diálogo da intervenção artística site-specific com a cidade e o público


Cada vez mais observamos a cidade com seus espaços adormecidos e envelhecidos e cabe-nos a nós, habitantes e artistas tentar resgatar estes espaços nas ruas. moving 1Questão de Espaço pretendeu ir ao encontro desse espaço adormecido.